O Lagosta (2015) – Em um mundo onde o amor é obrigação, a solteirice custa sua humanidade.

Sabe aquele date que dá tão errado que você pensa “era melhor virar um animal e sumir na floresta”? Pois é. Em O Lagosta (2015), do gênio do caos Yorgos Lanthimos, isso não é só força de expressão: é o enredo.

E se o terror moderno fosse o romantismo obrigatório? O filme joga a gente num universo distópico onde ser solteiro é crime e a sentença é pena de morte. Você vai parar num hotel bizarro com outros encalhados e tem 45 dias pra encontrar o amor verdadeiro, quase como no reality 90 dias para casar. Se não conseguir? Parabéns, você vai ser transformado no animal de sua escolha. E sim, o protagonista escolhe virar uma lagosta — porque elas vivem muito e são férteis.

Fonte: arquivo interno DMC.

A vibe do filme é seca, meio desconfortável, onde o protagonista de bigode com olhar vazio denuncia, sem gritar, a pressão silenciosa que a sociedade exerce sobre o amor. As atuações frias e diálogos que parecem saídos de um grupo de WhatsApp sem figurinhas mostram o absurdo da busca desesperada por conexão em um mundo onde estar sozinho é mais perigoso do que perder a própria humanidade. Entre emoções engessadas, assassinatos, suicídios, sexo indiferente ou proibido, à ideia de que “só existe felicidade a dois” é entregue com humor tão ácido que queima a língua.

Se você curte distopias esquisitas, roteiros que desafiam a lógica emocional e uma estética toda trabalhada no estranhamento… pode mergulhar. Só cuidado pra não sair de lá querendo virar um sapo-de-vidro (ou querendo terminar seu próprio relacionamento).

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